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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

400 contra 1

O filme "400 contra 1 - Uma história do crime organizado", que estreia em circuito nacional nesta sexta-feira (6), é uma nova versão de um episódio verídico retratado de forma mais bem-sucedida no drama "Quase dois irmãos" (2004), de Lúcia Murat.

No centro da trama dos dois longas está o confinamento de presos comuns ao lado de presos políticos em pleno auge da ditadura, nos anos 1970, e a influência de um grupo sobre o outro.
A história que o diretor Caco Souza procura contar em "400 contra 1" é a de William da Silva Lima (Daniel de Oliveira, de "A festa da menina morta"), audacioso assaltante de bancos. Ele e seu bando são criminosos comuns, mas, dentro do presídio de Ilha Grande (RJ), descobrem a disciplina dos presos políticos, bem como as vantagens que podem obter mediante sua própria organização. Assim, teoricamente, nascia uma facção temida até hoje no país.
Essa é a premissa do filme, que parte do livro autobiográfico do próprio William Silva Lima. O que se vê na tela, no entanto, é uma profusão de cadáveres que só não é maior do que a confusão gerada pelas idas e vindas no tempo do roteiro, de Victor Navas e Julio Ludemir. A opção por flashbacks sucessivos cria uma narrativa truncada e não permite o desenvolvimento efetivo dos personagens.
Lembrança de Guy Ritchie
Enquanto a diretora Lúcia Murat, em "Quase dois irmãos", percorreu um viés político-social, Caco Souza procura enfatizar um aspecto policial e pop na história, na qual o que conta são os litros de sangue jorrando e cartelas indicando o ano em que cada ação acontece.
Se a intenção foi lembrar algo como "Jogos, trapaças e dois canos fumegantes", do cineasta inglês Guy Ritchie, o diretor alcançou o seu objetivo.
Estreante em ficção, Souza assinou alguns documentários. Entre eles, a origem deste projeto, um curta chamado "Senhora liberdade" (2004), em que entrevistou o verdadeiro William que, na época, estava no Presídio Ari Franco. Desde 2008, ele está foragido.
Em "400 contra 1", bons atores como Oliveira, Daniela Escobar, Branca Messina e Fabrício Boliveira parecem perdidos em meio a personagens que são clichês ambulantes, desprovidos de personalidade ou profundidade, falando diálogos ruins em meio ao ir e vir frenético da história.
Apesar do esforço para inscrever-se no gênero thriller, faltam a "400 contra 1" requisitos básicos, como uma narrativa de bom ritmo e personagens interessantes. Fica a sensação de que havia ali uma boa história para se contar, mas muitos floreios visuais e narrativos impediram-na de acontecer.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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